
Na última sexta-feira, durante uma reunião de planejamento com o cliente, um dos nossos analistas apresentou um relatório com dados completamente equivocados. O constrangimento foi imediato. O cliente notou, a equipe ficou em silêncio e, por dentro, minha reação instintiva foi: “Como isso passou despercebido?”
Minha vontade inicial era repreendê-lo depois da reunião. Mas, antes disso, respirei fundo. Lembrei de algo que tinha lido recentemente em O Jeito Certo de Errar, de Amy Edmondson e também da palestra poderosa que ela deu no ATD 2025. Foi ali que decidi fazer diferente.
Errar faz parte. Mas ignorar o erro é uma escolha.
Amy Edmondson, professora da Harvard Business School, propõe que existem três tipos de erros:
Erros evitáveis, causados por descuidos ou falhas humanas claras;
Erros complexos, que surgem em ambientes com muitas variáveis e fatores fora do controle;
Erros inteligentes, que ocorrem durante tentativas intencionais de fazer algo novo ou melhor e trazem aprendizado, mesmo quando não dão certo.
A falha do analista era, claramente, um erro complexo. Um problema de comunicação entre equipes e uma validação final que passou batida. Se eu reagisse com condenação, perderíamos a chance de corrigir a causa real.
Em vez disso, ao final da reunião, disse à equipe:
“Esse erro nos ajudou a enxergar algo importante. Agora podemos resolver o que estava escondido.”
Foi o ponto de virada. O analista, que poderia ter se retraído, se ofereceu para liderar a reestruturação do nosso fluxo de validação de dados. E a equipe, ao invés de se fechar, se uniu para encontrar soluções.
Errar não é fraqueza. Fraqueza é não querer aprender.
Na palestra do ATD 2025, Amy destacou algo que ficou comigo:
“O fracasso só é perigoso quando não aprendemos nada com ele.”
Essa frase virou um mantra para mim.
Antes, eu via o erro como uma falha individual. Agora, enxergo como uma oportunidade coletiva de crescimento. A chave, segundo Edmondson, é criar segurança psicológica: um ambiente onde as pessoas se sintam livres para falar sobre erros, propor melhorias e assumir responsabilidades, sem medo de retaliação.
Errar certo é mais poderoso do que acertar sempre.
A partir desse episódio, mudamos nossa abordagem:
Priorizamos feedbacks mais frequentes e honestos;
Criamos rituais para revisar falhas sem apontar dedos;
E passamos a reconhecer publicamente quem transforma um erro em uma solução duradoura.
Amy Edmondson diz:
“Não proíba o fracasso. Faça uma festa para ele.”
E faz sentido. Celebrar o erro não é “glamourizar” o fracasso, é valorizar o aprendizado que só ele pode trazer.
O erro é o começo da liderança madura.
Se você lidera pessoas, vai errar e sua equipe também. O que te torna um bom líder não é evitar falhas a todo custo, mas sim a forma como reage a elas.
Liderar é ter coragem para transformar momentos desconfortáveis em pontes de evolução.
Errar faz parte. E quando aprendemos com o erro, ele deixa de ser fracasso, e se torna progresso.
por: Ligia Barcelos
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